A celebração de Cosme e Damião no Brasil
O Dia de São Cosme e São Damião é celebrado no fim de Setembro e reúne diferentes tradições religiosas e culturais. Para o catolicismo, são santos; nas religiões de matriz africana, os Ibejis, gêmeos divinos que representam a beleza da infância, o riso, a alegria e o encantamento.
Em muitas comunidades, ruas, quintais e terreiros se transformam em verdadeiros palcos de festa. Crianças correm atrás de doces, vizinhos compartilham pratos e o caruru de Cosme e Damião se torna símbolo de fartura, partilha e afeto coletivo.

A força das mulheres negras nas celebrações
Sob o olhar das mulheres negras, essa tradição ganha ainda mais profundidade. Somos nós que, ao longo da história, sustentamos práticas coletivas, organizamos festas e abrimos as portas de nossas casas. Esses gestos, muitas vezes invisibilizados, são expressões políticas de compromisso com a vida em comum e com a preservação da cultura afro-brasileira.
Garantir às crianças o direito ao brincar, à alimentação compartilhada e à alegria é reafirmar nossa ancestralidade viva, que se organiza em torno do cuidado e da coletividade.

Caruru, doces e infância como resistência
O caruru de Cosme e Damião, tradição presente em várias regiões do Brasil, é uma celebração de fartura e união. Do mesmo modo, a corrida das crianças em busca dos doces distribuídos, prática muito comum nos subúrbios do Rio de Janeiro, se torna memória afetiva de gerações, lembrando que, mesmo diante do racismo e das desigualdades, a vida pode e deve ser saborosa.
Essas práticas não são apenas heranças culturais, mas expressam um projeto de Bem Viver construído cotidianamente pelas mulheres negras, que se manifestam como guardiãs da infância, do cuidado e da vida comunitária.

As festas de Cosme e Damião como símbolo de Bem Viver
Celebrar São Cosme e São Damião é celebrar a alegria da ingenuidade. Cada doce entregue, cada prato de caruru compartilhado, cada brincadeira de criança reafirma a luta pelo direito ao afeto, à coletividade e à ancestralidade.
Nós, mulheres negras, seguimos como guardiãs desse futuro: fortalecendo memórias, cuidando da infância e mantendo viva a chama de um projeto coletivo de reparação e Bem Viver.
Fotos: Reprodução de internet.


